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19/03/2020
Em uma crise sem precedentes, o Planejamento é a luz no fim do túnel

Quando falamos em crise financeira, a primeira coisa que vem à mente de muita gente são as bolsas de valores despencando, operadores do mercado financeiro estressados e algumas famílias lamentando a perda de suas economias.

Crises financeiras são assim e, entre mortos e feridos, elas ficam para trás. Todavia o que estamos observando é algo sem precedentes em nossa história moderna. Corremos sério risco de adentrar em uma crise econômica (e não apenas financeira, como já vou explicar) que poderá ser um divisor de águas na história da humanidade.

Neste texto eu não falo dos impactos causados diretamente pela doença, até porque seria uma irresponsabilidade alguém sem nenhuma formação na área da saúde dar pitacos em relação a isto. O que vou falar por aqui é algo que realmente tem me preocupado e é uma situação com a qual me deparo todos os dias, ao conversar com um cliente.

Vamos a alguns números:

  • Hoje, em março de 2020, temos cerca de 90% da população formalmente empregada trabalhando em empresas consideradas de porte micro a médio.
  • Temos ainda, cerca de 41,1% (IBGE) da população economicamente ativa (38,4 milhões de pessoas) trabalhando na informalidade, ou seja, colocando a cara na rua para prestar algum serviço ou vender alguma coisa.
  • E claro, não podemos esquecer dos 11,2% da população economicamente ativa (11,9 milhões de pessoas) desempregadas.

Em crises tipicamente financeiras, é do total interesse dos governos salvar as grandes corporações. Isto obviamente não é errado, visto que uma empresa grande que encerra suas atividades, acaba por colocar milhares no olho da rua, porém o que me tira o sono é a fragilidade com que os micro e pequenos empreendedores tratam a saúde financeira de seus negócios.

O dono da padaria, o motorista do app, a tia que vende brigadeiros, o ciclista ou motoboy que traz a sua pizza, o vendedor do shopping, todos eles podem (e provavelmente vão) sofrer danos irreversíveis às suas finanças e à sua atividade profissional. Resumindo o que eu quero dizer, se essa galera parar por 10 dias, muitos não vão reabrir nunca mais!!

De forma massificada, se essas pessoas pararem de gerar renda, necessariamente eles vão parar de consumir. Se eles param de consumir, outros estabelecimentos também vão parar, vamos ter mais demissões e aí, meus amigos, não tem ação de governo que salve.

O ideal nesse momento é traçar planos para auxílio imediato para essa galera. De nossa parte, podemos (e devemos) comprar do pequeno. O pequeno normalmente é abastecido pelo grande e assim conseguimos manter o ciclo econômico respirando por aparelhos, até esse negócio todo passar.

Esta crise que chega como um tsunami está longe de parecer com o que vivemos em 2008. Sei que alguns vão alegar que a crise do crédito é algo complexo mas, no pior dos cenários, o governo (de qualquer país) pode colocar a impressora para trabalhar e literalmente fazer dinheiro (e pelo amor de Deus, eu não recomendo isso. Como eu acabei de dizer, este seria o pior dos cenários).

Na realidade, essa crise se aproxima muito mais da quebra da bolsa (de Nova York) de 1929, quando a economia real foi afetada, mas como a maioria de nós deve saber nós estamos no século XXI, com um mundo globalizado e uma economia infinitamente mais complexa, ou seja, somos maiores do que éramos em 1929 e consequentemente, maior pode ser o tombo.

Os principais governos do mundo têm dado a devida atenção a esta pandemia. Infelizmente para essas bandas, o governo avaliza manifestações que podem acelerar o processo de transmissão do vírus.

Voltemos aos números. Sabe aquela galera que trabalha nas micro e médias empresas? Pensem no cenário mais apocalíptico, onde 50% dessas pessoas perca o emprego porque tiveram de parar compulsoriamente nesta crise e não se prepararam financeiramente para isso. Estamos falando de algo na casa das dezenas de milhões de pessoas na rua. Essas pessoas automaticamente vão deixar de pedir comida em casa, comprar brigadeiro, ir à shoppings, ou seja, esse número que já está nas dezenas de milhões pode dobrar em poucos meses. DEZENAS DE MILHÕES DE PESSOAS SEM CONSUMIR, SEM GERAR RENDA, SEM PAGAR IMPOSTOS E SEM CONTRIBUIR COM O INSS.

Sabem o que isso significa? Que também vai faltar dinheiro para pagar os aposentados… …já sabem né, mais uns milhões de CPF´s sem gerar renda. Essas pessoas precisam usar seus poucos recursos para comprar comida e acabam por deixar TODAS AS OUTRAS DESPESAS de fora. Se elas têm algum contrato de crédito, vão ficar inadimplentes. Num cenário massivo de inadimplência, o preço do dinheiro (juros) começa a subir, dificultando a retomada do crescimento.

Enfim, estamos vislumbrando um cenário sem precedentes e nesses momentos acredito em três recomendações:

  1. Ouça e siga as orientações dos médicos e pesquisadores na área da saúde, não dos filósofos, ideólogos e alguns políticos que minimizam a gravidade da crise.
  2. Olhe com carinho seu fluxo de caixa e faça, com o auxílio do seu Planejador Financeiro, a sua reserva de segurança
  3. Coloque seus números na mesa. Além da reserva de segurança é fundamental entender que existe um amanhã após toda essa crise. Verifique seus objetivos de aposentadoria e converse com seu Planejador Financeiro para que o seu futuro não venha recheado de surpresas desagradáveis.

E se vale uma pitada de esperança, não nos esqueçamos que ao fim da peste negra, tivemos o Renascimento.