11/02/2020
Taxa Selic e você (na prática!)
Na última quarta feira o Copom anunciou mais um corte na taxa básica de juros e, novamente, a internet ficou em polvorosa com o fato.
Influenciadores compartilhando fotos, lançando notas, fazendo piruetas, enfim, chamando os holofotes para si. Mas na vida real, como que essa movimentação de nossa taxa básica de juros interfere em nosso dia-a-dia?
Preparei um gráfico para mostrar a evolução da taxa Selic vs a evolução da concessão de crédito para pessoas-físicas e pessoas-jurídicas:

Este gráfico, que vai de Fevereiro de 2013 até Agosto de 2019 mostra que ao longo do tempo, o crédito fornecida para Pessoas-Físicas e Pessoas-Jurídicas segue, em linhas gerais, uma relação inversamente proporcional à evolução da taxa Selic, ou seja, com taxa Selic elevada, a oferta de crédito diminui e vice-e-versa.
Nota-se ainda, entre 2013 e 2014 uma movimentação atípica da curva de crédito para Pessoas-Físicas, mesmo com a taxa Selic elevada. Esta movimentação pode ser explicada pelas sucessivas orientações dadas pelo Governo Federal da época para reduzir os juros para crédito à população. Esta tentativa de reanimação artificial da economia resultou, entre outras coisas, na queda brusca da oferta de crédito a partir de 2015 até o segundo semestre de 2017. Me explico:
Quando você utiliza a máquina pública para oferecer crédito a juros reduzidos, para que não se perca a concorrência, os bancos privados fazem o mesmo, porém isto foi feito em um momento em que a economia não estava saudável. As empresas não conseguiam crédito na mesma proporção das pessoas, o que resultou em congelamento de investimentos e demissões. Pessoas sem emprego não pagam o empréstimo realizado, aumentando o risco de default. Com esse risco elevado, a Selic ganha fôlego para subir cada vez mais, como observado entre 2015 e 2017.
Mazelas a parte, a partir de 2017 adotou-se certo conservadorismo no trato com a economia, o que tem trazido resultados animadores para quem quer tomar crédito. Me explico novamente.
Com a economia em frangalhos, observou-se uma forte queda no consumo (o que é péssimo), porém abriu-se espaço para reduções sucessivas da selic (como tentativa de reanimar o consumo). Mesmo com sucessivas quedas, a inflação está bastante controlada, o que demonstra duas possíveis vertentes:
1) As famílias ainda não retornaram ao seu nível anterior de consumo.
2) As famílias estão voltando a seu padrão de consumo, porém o estão fazendo de forma mais consciente.
Independente dos fatores 1 ou 2 (ou ambos), o fato é que mesmo com um cenário de queda constante da taxa de juros básicas, a inflação permanece sob controle e a soma destes itens faz com que a oferta de crédito para pessoas e empresas aumente cada vez mais (bastante crédito com juros mais baixos).
Essa oferta naturalmente faz com que as empresas voltem a investir, gerando empregos. Pessoas empregadas consomem e a roda da economia gira.
Se esta toada continuará de forma saudável, não sabemos, porém para minimizar os riscos, a educação financeira e o planejamento financeiro são fundamentais para que as pessoas possam consumir com consciência.
A novidade boa é que a partir de 2020, a Educação Financeira será tema obrigatório em sala de aula.
Que possamos crescer de forma saudável!
Abs
Marcos Milan